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Vida Plena e Missão – VI Assembleia das CEBs da Prelazia de Tefé é aberta com celebração eucarística

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Vida Plena e Missão – VI Assembleia das CEBs da Prelazia de Tefé é aberta com celebração eucarística

Momento reuniu comunidades de toda a Prelazia no ginásio Emelino Vieira nesta quarta-feira (9) e marcou o início do evento, com momentos de fé, comunhão e compromisso missionário

 

Por Henrique Cavalheiro – Assessoria de Comunicação do CPP

Com a presença de centenas de delegados de comunidades ribeirinhas, áreas missionárias e paróquias da Prelazia de Tefé, foi realizada, nesta terça-feira (9), às 19h, em Alvarães/AM, a celebração de abertura da VI Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), no ginásio Emelino Vieira. A missa foi presidida por dom Zenildo Lima, bispo auxiliar de Manaus e referencial das CEBs no Regional Norte 1 da CNBB, e concelebrada por dom José Altevir, bispo da Prelazia de Tefé, além de padres, religiosos e religiosas, agentes de pastoral que acompanham a caminhada da Igreja na região.

Um espaço preparado com carinho para acolher o povo de Deus

O ginásio, cuidadosamente decorado com elementos da cultura e da fé popular, tecidos coloridos e símbolos da caminhada eclesial amazônica, foi se tornando, aos poucos, casa de todos, um verdadeiro “tapiri”, local de abrigo e proteção. O altar foi montado na quadra, cercado de flores e um barco recheado de frutos da terra, sinal da missão lançada sobre as águas e milagre da Casa Comum. Nas faixas penduradas, o tema da assembleia: “Uma Igreja Sinodal em Saída: Vida Plena e Missão”, ressoava como convite e compromisso.

Ali estavam reunidos homens e mulheres de fé, crianças e jovens, vindos dos mais diversos rios e caminhos da Prelazia. Chegaram em barcos, canoas, estradas e longas travessias, cada um trazendo sua história, sua comunidade e sua esperança. A assembleia, mais do que um evento, é o reencontro da Igreja com seu povo, seus desafios, suas alegrias e com suas origens.

Uma Igreja que celebra e parte em missão

Na homilia, Dom Zenildo Lima emocionou-se ao olhar para o povo reunido. “Talvez eu ficasse por aqui horas e horas olhando para vocês”, confessou, partilhando sua alegria em participar de um momento tão esperado e celebrado pelas comunidades. Em seu olhar pastoral, Dom Zenildo disse que se procurava “no meio de vocês, na vida comunitária”, buscando entender como “o amor de Deus escorregou a nós” e como, a partir desse amor, somos chamados a ser “geradores de novas relações”. Refletindo sobre a leitura do livro do Gênesis, destacou o exemplo de José, que, mesmo ferido pela traição dos irmãos, soube superar a dor e a fome dos povos com sabedoria e reconciliação. “Ah, se os povos de hoje aprendessem a reorganizar, a reinventar relações”, disse o bispo. Para Dom Zenildo, é preciso recuperar a capacidade de gerar novas formas de convivência, como condição para transformar a realidade. “Estamos aqui porque acreditamos nesse cenário diferente”, afirmou, reforçando que a missão das comunidades de base é justamente essa: tornar-se sinal de esperança e reconstrução onde há dor e injustiça.

Segundo ele, os conflitos vividos pelos povos hoje “têm a ver com a pureza do coração da gente”, com a forma como enxergamos e tratamos o outro. “Há um desequilíbrio de relações dos povos e há situações dramáticas de carência porque nós, homens e mulheres, não conseguimos, a partir de nós, gerar relações novas”, afirmou. A homilia traçou paralelos entre as histórias bíblicas e as realidades das comunidades de base. Ao lembrar dos doze apóstolos, Dom Zenildo enfatizou que “foi esta gente, estes doze, que foram escolhidos para uma nova experiência de ser povo de novo, que gera relações novas”. E agora, disse com firmeza: “Somos nós! Somos nós, que vivenciamos a experiência de povo novo nas nossas comunidades”, ressaltou. Ao final, ecoou um chamado de fé e compromisso: “Eu estou aqui, Senhor. Pode contar comigo. A minha comunidade pode contar comigo. Eu estou disposto ao meu agir que renova a história. Eu estou disposto ao meu agir que reconstrói relações”, destacou o bispo.

Evangelizar nas águas mais profundas

Ao final da celebração eucarística, Dom José Altevir, bispo da Prelazia de Tefé e anfitrião da VI Assembleia das CEBs, dirigiu-se à assembleia com palavras marcadas pela emoção e pela esperança. Em sua fala, acolheu com gratidão as comunidades presentes, reconhecendo nelas o rosto vivo da Igreja sinodal: “Queridas irmãs, queridos irmãos de Cristo, é com profunda alegria e gratidão a Deus que eu acolho a cada uma, a cada um de vocês, a cada comunidade aqui presentes e aquelas que vocês trouxeram”. Reforçou a importância da representação comunitária, dizendo: “Cada uma de vocês, porque vocês são a delegada representando as nossas comunidades. Isso para nós é um sinal de alegria muito grande”, ressaltou Altevir.

Dom José destacou o caráter sagrado da assembleia, como “tempo de escuta, tempo de partilha, oração, discernimento, onde o Espírito Santo sopra e nos guia na missão”. Lembrou que este é também um espaço para “reafirmarmos o protagonismo do povo de Deus, reacendendo o compromisso com o Reino de Deus no coração da Amazônia”. Em sua mensagem, fez memória à força das comunidades, dizendo: “É tempo de celebrar a vida, a resistência e a esperança que brota no chão das comunidades. Os rios que abrigam os sonhos de cada jovem, criança, adulto, idoso”, disse o bispo.

Confiando à proteção de Maria, “discípula missionária que caminha conosco”, o bispo concluiu sua saudação com entusiasmo: “Com o coração cheio de esperança, alegria, vibração, que tome conta de cada um, de cada um de nós, dessa Igreja particular de Tefé, eu declaro oficialmente aberta a 6ª Assembleia das Comunidades Eclesiais de Base, em nome da profissão da fé. Muito obrigado!”. E antes do encerramento da noite, convidou a assembleia a entoar, com alegria o hino da assembleia.

Celebração, comunhão e envio

Mais do que um rito, a celebração de abertura foi um verdadeiro momento de confraternização, união e fé. Ali, ao redor da mesa da Palavra e da Eucaristia, o povo reafirmou sua identidade de Igreja em saída, uma Igreja que não se contenta em ficar à margem, mas avança para águas mais profundas, guiada pelo Espírito e impulsionada pela força das CEBs.

Com o coração alimentado e o espírito animado, a assembleia segue agora com seus seminários e plenárias, refletindo os subtemas que desafiam a Igreja a ser cada vez mais sinodal, justa e profética.

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