Monsenhor Barrat, ao mesmo tempo em que resgatava as obras da Missão da Boca do Tefé, ia promovendo sua ação pastoral na cidade de Tefé. Em 1913 iniciou a construção do Palácio Prelatício, que seria um prédio, onde os futuros bispos pudessem residir com dignidade, que o cargo lhes confere. Este prédio foi construído no terreno da residência do antigo vigário de Tefé, o Cônego Casimiro Norberto Dupuy, atual praça Túlio Azevedo, à margem do lago. Este Cônego, antes de sair de Tefé, onde exercia o cargo de vigário, doou aos espiritanos três terrenos, um dos quais era este.
A primeira ideia eficiente da fundação de um Seminário, em Tefé, teve-a Monsenhor Miguel Alfredo Barrat, em 1919, ano em que o prédio da Prefeitura Apostólica ficou terminado em sua parte essencial, podendo, portanto, abrigar um determinado número de alunos, principalmente rapazes do Alto Juruá e Tefé. A construção do prédio começou efetivamente em 1914, segundo um projeto do irmão Raphael Haag, filho de um arquiteto em Stuttgart. Por causa das dificuldades causadas pela guerra mundial, a obra dos três irmãos: Raphael, Tito Kuster e Aristóbulo Lülsdorf só foi concluída em 1919, sem os acabamentos. O irmão Vilfrido Hornbach produzia na Missão os tijolos e as telhas, enquanto Tito escolhia nas matas do igarapé-Açu, em terras doadas à igreja, a madeira (acapu) de que precisava para os assoalhos, escadas, portas, janelas, varandas e vigas; serrava as toras no local e, em ombros de muitos homens, as tábuas e vigas e etc, eram transportadas para os batelões. Mesmo com o prédio inacabado, no domingo da Santíssima Trindade, 15 de junho 1919, (segundo o livro de Tombo da Paróquia), Mons. Barrat fez uma cerimônia de abertura da formação seminarística, e ela não foi realizada no prédio da Prefeitura Apostólica, ainda inacabado, mas na chamada “Residência Santa Thereza”, onde o vigário, Pe. Cabrolié, atendia os doentes. No primeiro dia contou com a matrícula inicial de quatro alunos: o Cid Salgado, o Agostinho de Freitas, o Themístocles e o João Guedes. Cid desistiu logo. Nomeou o primeiro Diretor do Seminário, um antigo seminarista da Missão, padre Manuel Valencio de Alencar (da escola da Missão), brasileiro, natural do Piauí. Mas, estando por esse tempo a sua saúde muito debilitada, partiu para o Ceará, ficando, por isso, interrompida a obra do Seminário. Nessa ocasião, Barrat pronunciou um sermão que parcialmente ficou registrado: “viemos nós, missionários, para fazer nascer uma igreja com seus próprios padres, e entregar a eles quanto antes, a direção dessa igreja”. No ano de 1920 vieram dois novos candidatos para Tefé: João Guedes Affonso, do Meneruá, e Manuel Carmelitano Rebouças e Albuquerque, sobrinho do Cônego Rebouças. Com Agostinho, os três formavam o primeiro núcleo de seminaristas em Tefé. Barrat esteve na França entre julho de 1919 e final de março de 1920. Participou (em agosto) do Capítulo Geral e travou contato com as FMM para combinar com elas a próxima instalação em Tefé.
No ano seguinte, porém, 1920, o Seminário reabriu, sob a tutela de São José, a quem é consagrado, e pode se dar como verdadeiro começo do Seminário o dia 19 de março de 1920. Os dois primeiros meses desse ano letivo (fevereiro e março), foram bastante irregulares, mas em abril regressou do Ceará o padre Manuel Valencio de Alencar, com a saúde sensivelmente melhorada, e começou desde logo a exercer as suas funções de Diretor, dando um novo e duradouro impulso ao Seminário, que desde então vai seguindo sem solução de continuidade a sua humilde trajetória.
No dia 11 de julho de 1920, Mons. Barrat deixou a Missão e fixou sua residência no Seminário, no quarto que, até hoje, é o quarto do bispo. Também o irmão Aristóbulo e o Padre Constantino Tastevin ocuparam um quarto no novo prédio. Tastevin – Mons. Barrat jogava com a ideia – poderia ser o primeiro bispo – prelado de Tefé: ele, Barrat, preparava as obras, os primeiros padres locais, um esboço de estrutura, e Tastevin assumiria em seguida a prelazia ou, quem sabe, a diocese…
Em 1920 houve apenas cinco seminaristas, sendo os quatro supracitados, que recomeçaram, mais o Raymundinho, este de São Paulo de Olivença. Somente em janeiro de 1921, o Pe. Alencar e os seminaristas se mudaram para o prédio da Prefeitura Apostólica. No dia 16 de janeiro de 1921, o prédio foi oficialmente inaugurado, servindo até o final de 1932, também como seminário e externato São José. O Seminário que tinha a fama de ser o mais belo prédio do Estado fora da capital, pertencia a padres franceses, mas foi o produto do trabalho de Irmãos alemães (Rafael, Aristóbulo, Vilfrid) e suíço (Kuester). Para Mons. Barrat, o seu “palácio”-“seminário” era a resposta a todos quantos se manifestassem com desdém sobre sua administração. Monsenhor acreditava firmemente que, em poucos anos, padres amazonenses, formados nesse Seminário, iriam assumir a Missão espiritana de Tefé como sua própria igreja
Até hoje, esse prédio (Seminário São José) conserva sua arquitetura barroca e francesa, servindo como ponto turístico da cidade, haja vista sua beleza física misturada com a beleza do lago. Em fevereiro de 1921 chegou de Santarém, com o Sr. Cônego Irineu Rebouças, tio de Manuel Carmelitano Rebouças e Albuquerque, mais um seminarista, o Manuel. No mesmo ano (1921), para ajudar as despesas exclusivamente do Seminário abriu-se também um Colégio, que funcionava anexo do Seminário. Os alunos eram internos, e pagavam a pensão mensal de sessenta mil reis. Deste modo, no fim de 1921 o Seminário já contava doze alunos, sendo sete seminaristas e cinco pensionistas, além de dois pequenos, que trabalhavam, um na Tipografia e outro na Encadernação.
Em 1922 apresentaram-se a exame dezesseis alunos, sendo nove seminaristas, cinco pensionistas e dois aprendizes. Dois outros, aprendizes também, não fizeram exames, por terem chegado já no fim do ano. Eram estes o Chico Preto (Francisco Candido) e o Milton de Freitas.
O ano de 1923 abriu com este mesmo número de alunos; o padre Alencar continuou como Diretor até março deste ano. Sua saúde, entretanto, ia piorando cada dia, e os Superiores julgaram necessário mandá-lo para a Europa, onde talvez pudesse encontrar pelos menos um alívio. A 11 de março embarcou, mas não conseguiu passar nem um ano na Europa: a 18 de fevereiro de 1924, em Langonet, na Bretanha, entregava a Deus a sua bela alma, contando apenas trinta e oito anos de idade. Ele nasceu no Piauí, no dia 11 de julho de 1886. Todos em Tefé choraram a sua morte. Interinamente, ficou tomando conta do Seminário o dedicado Irmão Raphael Haag, operário da primeira hora, porquanto, desde a fundação do Seminário, aqui tem trabalhado como professor. Pouco tempo depois, chegou de Fonte Boa o padre Francisco Dargnat, a quem Monsenhor Barrat nomeou, também interinamente, Reitor do Seminário. Novo Diretor só o houve, de fato, em maio de 1923, quando chegou de São Filipe o padre José Victor Fritsch. Tendo passado apenas um ano e meses no Seminário, (pois a 22 de outubro de 1924 o padre Fritsch embarcou para Vila Seabra, como missionário no Tarauacá), a sua ação foi, reconhecidamente, das mais benéficas, mostrando sempre um real interesse pelos seminaristas.
A partir de então, pela carência de pessoal, ficou tomando conta do Seminário o próprio Monsenhor Barrat, ajudado sempre pela grande dedicação do Irmão Raphael. Tendo chegado do Cruzeiro do Sul o padre Affonso Donnadieu a 9 de novembro de 1924, ficava ele, ou o padre Manuel Dias, como Diretor, sempre que Monsenhor Barrat se ausentava com demora mais sensível. Assim andou o Seminário até 30 de março de 1928, dia em que Monsenhor Barrat partiu para Europa, em visita ad limina. Foi então nomeado Diretor o padre Affonso Donnadieu, que exerceu o cargo até 16 de março de 1929, dia em que Monsenhor Barrat chegou de novo a Tefé, regressando da Europa. Em sua companhia veio um Diácono bretão, posteriormente ordenado sacerdote, naturalizado brasileiro, padre Pedro Mottais, a quem Monsenhor Barrat nomeou encarregado dos Seminários, com o título de Pró-Reitor. Em 1932 padre Pedro Mottais foi substituído pelo ainda estudante Manuel Rebouças e Albuquerque, chegado de Portugal no dia 11 de novembro de 1931. Manuel Rebouças e Albuquerque ficou neste cargo até 1º de fevereiro de 1934, por ter de ocupar-se de novos trabalhos mormente de seus estudos, visto como, esse mesmo ano, a 3 de agosto, embarcou novamente para Portugal, a fim de concluir a sua formação eclesiástica. É reconhecida a dedicação do Irmão Raphael que desempenhou as funções de Pró-Reitor ou Sub-Diretor, obedecendo sempre as orientações de Monsenhor Barrat.
Com quinze anos de existência, o Seminário deu o seu primeiro fruto com a ordenação do padre Manuel Carmelitano Rebouças e Albuquerque, efetuada em Portugal, na cidade de Vianna do Castello, no dia 15 de setembro de 1935.
Os seminaristas moravam na “Residência SantaThereza”, onde o Padre Cabrolié atendia doentes. Em janeiro 1921, o padre Alencar e os seminaristas se mudaram para o seminário. Dormiam no sótão. Na mesma ocasião, no dia 16 de janeiro de 1921, o prédio da Prefeitura Apostólica foi inaugurado, servindo provisoriamente como seminário e externato para meninos. O padroeiro escolhido é São José.
Hoje no Seminário, funciona a Cúria da Prelazia, também há salas onde funciona o atendimento de algumas pastorais. Na parte mais antiga do prédio, ainda continua sendo a residência episcopal, onde atualmente mora o bispo Prelado e também é casa de acolhida para os padres e religiosas que estão nas paróquias em outros municípios e vão a Tefé. O seminário é aberto para visitação, conforme segue nas orientações.
Endereço
- Telefone: (97) 98449-5914
- Endereço: Rua Duque de Caxia, 438 - Centro 69.550-013-000 TEFÉ/AM
Orientações de Visitas ao Seminário:
O Seminário São José fica aberto de segunda a sexta-feira, das 09 horas às 11 horas e das 15 horas às 17 horas. As visitas só são possíveis dentro desse horário.
No momento ainda não tem visita guiada disponibilizada pela instituição, porém, é aberto para que possam conhecer o espaço.
Quando for grupos de estudante ou para algum trabalho acadêmico, busque agendar com antecedência, para que seja informado e autorizado pelo bispo.