A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima foi fundada, no dia 04 de outubro de 1971, por Dom Joaquim de Lange, primeiro Bispo da Prelazia de Tefé. Segundo Pessoa (s/d, p. 121 – trabalho de pesquisa) “logo no início de sua administração fundou uma série de paróquias, cada uma equipada com uma igreja, uma escola, um Presbitério e um clube de mães. Estas paróquias foram: Tefé, Alvarães, Uarinin, Fonte Boa, Jutaí, Caitaú, Carauari, Itamarati, Eirunepé, Missão, Maraã e Japurá”.
A primeira igrejinha foi erguida num terreno de 504,90 m², doado no dia 01 de julho de 1983, por Raimundo Gomes de Brito e sua esposa Beatriz Mota de Brito e referendada pela lei Municipal 006 de 28 de abril de 1998 como consta em arquivo na secretaria da Paróquia Nossa Senhora de Fátima. Localizada na rua São Francisco, esquina com a rua Samuel Amaral foi um lugar de devoção e realização de inúmeros batizados, casamentos e principalmente, o lugar onde Nosso Senhor Jesus Cristo era imolado e se doava ao povo na Santa Eucaristia. Atualmente, neste lugar, localiza-se a praça Nossa Senhora de Fátima, na qual, foi construída uma pequena capela que serve como monumento para abrigar a nossa Mãe Santíssima. Em 2022, por conta de ações de vândalos que depredaram o local, foi retirada a Imagem de Nossa Senhora de Fátima, agora abrigada na capela da casa paroquial.
Instalada a Paróquia, esforços foram feitos para nomear o pastor que levaria a Boa Nova ao povo. E depois de alguns anos foi escolhido como primeiro Pároco, o holandês Pe. Adriano Fransoo, da Congregação do Espírito Santo, mais conhecidos como Espiritanos. Não se tem muitas informações a respeito de sua administração, sabe-se que ele permaneceu em Juruá por cerca de 10 anos quando foi substituído pelo padre Francisco Baselmans.
O segundo Pároco de Juruá foi o padre de nacionalidade holandesa Francisco Eduardus Baselmans da Congregação dos Padres Brancos. Este padre merece uma atenção especial porque foi o construtor da primeira igreja Matriz de Juruá, assentada num terreno de 68 metros de frente por 76 metros de fundo perfazendo um total de 5.168 m² doado pela administração municipal através da lei de nº 005 de 28 de abril de 1998, localizada na rua Francisco de Paula fundos com a rua Senador João Bosco como consta em arquivos da Paróquia.
Segundo o senhor Dejacy Costa da Silva, 56 anos, conhecido como Dejane, trabalhou alguns anos com o pe. Francisco ajudando a construir a primeira igreja Matriz de Juruá. Pelo relato do senhor Dejane, os trabalhos iniciaram em 1985, dois anos depois que o padre Francisco chegou em Juruá e finalizou a obra em 1987, na qual teve a festa de inauguração realizada por dom Mário Clemente Neto, Bispo Prelado de Tefé.
O Padre Francisco também era comerciante e dentista, como dentista ajudou a sanar a dor de muitos pacientes que procuravam seus serviços, tinha bens em Juruá e na Holanda doando-os parte a Prelazia e a igreja de Juruá e parte a moradores de Juruá aos quais ele tinha apreço como consta em testamento aberto e lido, na presença de testemunhas, por dom Mário Clemente Neto, Bispo Prelado de Tefé dentre eles Maria Lúcia Ribeiro, Manoel Damasceno, Acrísio Mota.
A principal praça da cidade que divide espaço com a igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima leva seu nome, praça “Francisco Baselmans” em sua homenagem. Padre Francisco ficou em Juruá por quase 9 anos quando veio a falecer no dia 06 de outubro de 1990, aos 63 anos de idade, seus restos mortais repousam no Cemitério Municipal Santa Helena.
Segundo o relatório da Missão de Visita Canônica de 2019, escrito por frei Flávio Freitas de Amorim, delegado provincial para a Missão na Amazônia, de 1990 a janeiro de 2005, Juruá ficou sem padre residente. De 1991 até a chegada de Dom Frei Agostinho estavam presentes as irmãs de Santa Catarina Virgem e Mártir que vieram do Rio Grande do Sul. Irmã Maria Isabel Cassamali era a responsável pela Paróquia.
O grande legado desse período das irmãs foi a implantação da Pastoral da Criança, até hoje muito forte no município de Juruá.
De Dom Frei Agostinho a Frei Francisco Ferreira
Em visita canônica da Missão, em 2019, o frei Carlos Trovarelli declarou o seguinte “a missão na Amazônia é uma verdadeira graça de Deus para a Província e para a Ordem; a presença em Juruá é muito especial e carismática, onde repousa o fundador da Missão, Dom
Frei Agostinho”. Essa declaração demonstra a importância de frei Agostinho para a Missão e que em breve pode ser um santo católico.
Stefan Augustyn Januszewicz (Frei Agostinho) nasceu em 29 de novembro de 1930, na cidade polonesa de Podwojponie, em 1974, veio para o Brasil. Em 2004, após mais de 15 anos sendo Bispo Diocesano de Luziânia – GO, frei Agostinho, aos 73 anos, escreve ao seu superior Frei João Benedito, Ministro Provincial e ao Santo Padre, o Papa João Paulo II pedindo renúncia do cargo e decide se aventurar nas terras desconhecidas da Amazônia como simples missionário franciscano, membro da Província de São Maximiliano Maria Kolbe.
Dom frei Agostinho, colocando-se a disposição da Comissão Episcopal para a Amazônia e foi direcionado a Dom Sérgio Castriani, Bispo Prelado de Tefé-AM. Dentre várias tratativas, Dom Sérgio passou aos cuidados da Província São Maximiliano Maria Kolbe e a Ordem dos Frades Menores Conventuais a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima e assim permanece até os dias de hoje.
Após 14 anos sem sacerdote, Juruá cruza o caminho de Dom frei Agostinho que assume como Administrador Paroquial. Ele foi Pároco de Juruá de 2005 a 2007, ajudou a desenvolver a Paróquia de Nossa Senhora de Fátima, sua passagem por Juruá foi rápida, porém marcante e deixou um grande legado. Em 2008, adoeceu, passou por duas cirurgias e veio a falecer no dia 20 de março de 2011. Passados mais de 5 anos, a exumação de seus restos mortais ocorreu no dia 07 de setembro de 2016, relatos de pessoas que observaram de longe o processo de abertura de seu sepulcro dão conta de que seu corpo permanece intacto, com pouquíssimos sinais de desgaste e deterioração, ou seja, apenas com escoriações nas mãos e narinas, sendo para muitos um verdadeiro sinal de sua santidade. Atualmente, seu corpo repousa em terras juruaenses, mais especificamente, dentro da Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima.
Devido a situação de doença em que se encontrava Frei Agostinho, em 14 de abril de 2008, Dom Sérgio Castriani, Bispo da Prelazia de Tefé, nomeou frei Janusz Marian Danecki como Vigário Paroquial da Paróquia de Nossa Senhora de Fátima em Juruá/AM.
Frei Janusz foi pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima por quase oito anos permanecendo a frente dos trabalhos pastorais de 2007 a 2015.
Por dois anos, de 2016 a 2017, a Paróquia Nossa Senhora de Fátima de Juruá foi administrada por Frei Marcos Pereira da Silva que deixou vários legados a comunidade católica de Juruá como a finalização da construção do centro pastoral Dom Frei Agostinho onde funciona as aulas do Projeto Tocar, catequese, encontros e retiros espirituais, e fundou a Mini Orquestra Dom Frei Agostinho que em 2016, se apresentou em diversos eventos em Manaus, capital do Estado do Amazonas.
Em 2018, a Paróquia teve como Pároco frei Flávio Freitas de Amorim que realizou algumas reformas e ampliação do galpão da Igreja Matriz e da Capela de Santa Luzia e da casa paroquial. Realizou ainda, a intermediação da compra de um barco, compra esta, feita por uma doação da Ordem dos Frandes Menores Conventuais, que chamou de Dom Frei Agostinho para as visitas às comunidades ribeirinhas, atualmente viajar com o barco se tornou inviável. Mas, o principal legado de frei Flávio foi a construção de uma estrutura octagonal chamada de
“Maloca” para a exposição permanente de mais de trezentos Presépios de variadas culturas do mundo todo doado, por ele mesmo, à comunidade juruaense.
Em 29 de dezembro de 2019, chegou em Juruá frei Francisco Ferreira da Silva para administrar a Paróquia pelo quadriênio 2019 a 2023, o mesmo tomaria posse no dia 05 de janeiro de 2020. Chegou fazendo várias mudanças na estrutura administrativa da Paróquia, ou seja, nomeando novos coordenadores para as pastorais e movimentos. As mudanças deram certo, os frutos estão sendo colhidos agora. Na gestão de frei Francisco ocorreu o avivamento dos paroquianos.
O grande legado de frei Francisco Ferreira foi certamente, com a ajuda de Deus e da comunidade juruaense, a coragem para demolir a antiga igreja Matriz que se encontrava em situação estrutural sofrível e iniciar os trabalhos de construção da Nova Igreja Matriz. A obra iniciou no dia 07 de novembro de 2022.
Um Francisco, o pe. Francisco Balzemans, iniciou e concluiu a primeira Igreja Matriz e por ocasião do destino ou por intercessão e escolha de Nossa Senhora de Fátima, outro Francisco, frei Franscisco Ferreira iniciou e pode concluir a obra da segunda Matriz de Juruá.
Área de abrangência da Paróquia e as comunidades ribeirinhas.
A Paróquia de Nossa Senhora de Fátima abrange uma extensão total de 709 km que é dividida em três áreas administrativas: sede, área de cima do rio Juruá e afluentes e área de baixo. Os limites do município de Juruá vão até o rio Solimões, no entanto, a região de Tamanicuá e adjacências pertencem a uma Área Missionária Independente. Na área urbana, administra três comunidades: a Igreja Matriz de Nossa Senhora de Fátima no centro da cidade; a Igreja de São Francisco de Assis no bairro de São Francisco e a Igreja de Santa Clara e Santa Luzia no bairro Tancredo Neves II.
Na área de cima do rio Juruá temos as seguintes comunidades: Boca do Jacaré, recentemente teve seu nome mudado para Nova Aliança, Bacuri, Japó, Portelinha, Arati, Socó, Forte das Graças, Limão, Arapari, Monte Sião, Joanico, Boca do Itucumã, Santa Bárbara e Jaburu no rio Juruá; no rio Andirá temos as comunidades Escondido, Lago Grande, Cumaru (da etnia Katawixi que espera reconhecimento como povo indígena) e Branco; no rio Breuzinho e Paranã do Breu situam-se as comunidades e localidades de Vila Nova, Marizal, Zé Ponte, São Raimundo e Júlio e na parte de baixo do rio Juruá temos as comunidades do Paranaguá, Antonina, Botafogo, Santa Cruz, Idá, Caioé, Estirão do Gaivota e Aldeias Indígenas.
Temos 09 aldeias indígenas da etnia Madija Kulina são elas: Marupá, Beiradão, Lago Preto (a menor aldeia com cerca de 5 famílias) e Boca do Paupixuna as margens do rio Juruá. Existem aldeias dentro de igarapés como: Paupixuna (a maior aldeia com 53 famílias), Morada Nova, Mapiranga e Campina (a aldeia menos sociável). Existe ainda, uma aldeia próxima a sede do município que se chama Jacy, dentro do Igarapé Grande.
Fonte: Trabalho de estudo científico – Jorge Nascimento da Costa
Arquivos da Paróquia Nossa Senhora de Fátima – Juruá